Já dizia Fernando Pessoa, na voz de seu heterônimo, Álvaro de Campos:
"Todas as cartas de amor são Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,Ridículas."
Convenhamos, não é uma delícia sentir-se ridículo quando amamos?

Nunca tive vergonha de amar, de me entregar de corpo e alma ao amor. Por que será que sentimentos intensos e profundos carregam este fardo de serem ridículos, piegas?
Chorar em público? Nem pensar! Dizer a alguém "eu gosto de ti" ou "eu amo te" assim, de graça? Só se você estiver à beira da morte e ainda assim te olham de soslaio. Na verdade, se a gente for analisar, ridículo mesmo é o medo de ser ridículo.
Dizem que a doença do século é a depressão, por excesso de informação. Para mim, é o isolamento que nos impomos, dia após dia. Nos escondemos e protegemos do amor, com medo de perder, medo de sofrer, medo de fazer alguém sofrer.
Nos resguardamos de sentimentos intensos, com medo de não saber lidar com a falta de controle da situação.
Nos poupamos tanto, que a vida passa e somos, literalmente, passageiros. Ficamos ali, sentados, vendo o amor passar, a uma distância tão segura, que ele quase não nos alcança. O próprio Fernando Pessoa amou platonicamente Ofhélia Queiroz, a quem chamava de Bébé e para quem escreveu diversas cartas de amor. Ridículas, claro, como não poderiam deixar de ser.
Se o amor é realmente ridículo, quero ser a mais ridícula das criaturas.
Escreva cartas de amor, e-mails de amor, bilhetes de amor, tão ridículos que seriam capazes de matá-la de vergonha caso chegassem a publico. Não poupe sentimentos, não existe banco ou aplicação que possa fazê-los render.
Seja ridícula sim, ao amar loucamente alguém. Afinal "Só as criaturas que nunca escreveram cartas de amor é que são ridículas."
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4 comentários:
Aqui fica o poema do grande Fernando Pessoa.
"Todas as Cartas de Amor são Ridículas"
Álvaro de Campos
Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)
acho k nem há palavras para vos dizer que....Lindo :)
Ainda não tinha apanhado poesia no vosso blog, mas Pessoa não é só poesia, é o dom da palavra.
Tks
Keep Rockin
Basta pensar em sentir
“Basta pensar em sentir
Para sentir em pensar.
Meu coração faz sorrir
Meu coração a chorar.
Depois de parar de andar,
Depois de ficar e ir,
Hei-de ser quem vai chegar
Para ser quem quer partir.
Viver é não conseguir.”
Adivinhem de quem é?
Fernando Pessoa ?
:P
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